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Falsa narrativa do privilégio: menos de 1% dos servidores têm supersalários

  • Foto do escritor: Vitor Hugo Xavier
    Vitor Hugo Xavier
  • 3 de dez.
  • 3 min de leitura
Milhares de servidores das três esferas marcham nas ruas de Brasília em mobilização contra a Reforma Administrativa (PEC 38/2025) em 29 de outubro de 2025. Foto: Frente Servir Brasil
Milhares de servidores das três esferas marcham nas ruas de Brasília em mobilização contra a Reforma Administrativa (PEC 38/2025) em 29 de outubro de 2025. Foto: Frente Servir Brasil

Quando se fala em servidor público, o imaginário coletivo ainda associa o termo a carreiras de altos salários. Mas os dados mostram outra realidade. Segundo o Anuário de Gestão de Pessoas 2025 da República.org menos de 1% dos servidores recebe supersalários, enquanto 70% recebem até R$ 6 mil por mês. O contraste é ainda mais gigante se analisamos a diferença salarial entre as três esferas: federal, estadual e municipal.


Segundo levantamento do Atlas do Estado Brasileiro do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) os servidores federais representam apenas 10% dos vínculos públicos no país, e sua remuneração média é de R$ 6.330, muito distante da ideia de “privilégio generalizado”.


“O que acontece é que o debate público mistura tudo. A exceção se torna regra. Quando alguém cita os salários de juízes, procuradores ou auditores, cria-se a impressão de que todo o serviço público é assim, e isso simplesmente não é verdade”, explica Félix Lopez, analista do Ipea.


De acordo com ele, as carreiras de elite, que aparecem nas manchetes e na defesa de contrarreformas, como a Reforma Administrativa que tramita agora no Congresso Nacional como PEC 38/2025, compõem uma minoria dentro da minoria. “A grande parte do funcionalismo federal está em cargos administrativos, técnicos e de apoio, com rendimentos que giram entre R$ 3 mil e R$ 7 mil. Isso é o grosso do serviço público federal.”


Municípios concentram a maioria dos servidores


Segundo o Ipea, metade dos servidores do país ganha menos do que a média salarial do funcionalismo federal. Os servidores estaduais ganham em média R$ 4 mil e os municipais R$ 2,6 mil.


Vale frisar que 60% dos 12 milhões de vínculos de trabalho do setor público brasileiro estão no nível municipal. Isso significa que cerca de 7 milhões de servidores trabalham diretamente nas prefeituras, nas escolas e nos serviços locais — e é entre eles que se concentram os menores rendimentos.


O mito do privilégio precariza o atendimento à população


A insistência em tratar o funcionalismo como um bloco homogêneo alimenta o mito do privilégio. Mesmo dentro da União, a maioria dos vínculos está concentrada em áreas finalísticas e de atendimento. Os servidores do INSS, das universidades federais, dos institutos de pesquisa e dos ministérios técnicos têm remunerações médias.


“A ausência de concursos e o congelamento de salários desestimulam profissionais qualificados. Isso gera um círculo vicioso: o Estado perde capacidade, os serviços se deterioram, e isso retroalimenta o discurso de que o serviço público é ineficiente. É uma armadilha”, analisa Félix.


Para o assessor do Ipea, a maior distorção está justamente na tentativa de aplicar regras uniformes a realidades completamente distintas. “As reformas são nacionais, mas o diagnóstico é feito com base no funcionalismo federal. A partir daí, impõem-se medidas que atingem de forma desigual quem está na base. O servidor estadual, que ganha quatro ou cinco mil reais, é tratado como se tivesse salário de trinta mil”, critica.


Ao transformar exceções, supersalários, em regra, projetos como da Reforma Administrativa, vendidos como política de responsabilidade fiscal, acabam sendo um mecanismo de desmonte do estado, onde quem sofre é o cidadão que depende dos serviços públicos.


Fontes: Folha de São Paulo, República.org, Ipea e CUT.

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