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Greve na UFRGS busca destituição de reitor após suspensão em paridade na votação

Movimento dos técnicos-administrativos questiona legitimidade de reitor e se alia à greve nacional que pede reposição salarial e reestruturação de carreira  

 

A greve anunciada pelos profissionais técnico-administrativos da UFRGS a partir desta segunda-feira (18) reivindica a destituição do reitor Carlos Bulhões após uma série de ilegalidades cometidas desde que ingressou no cargo.  

Nomeado pelo então presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020, Bulhões foi alvo de dois pedidos de destituição aprovados pelo Conselho Universitário (Consun) devido à falta de interlocução com a comunidade universitária e tomada de decisões arbitrárias sem a aprovação do órgão. O primeiro pedido foi negado pelo MEC, enquanto o segundo sequer foi respondido pelo atual titular da pasta, Camilo Santana.

Outra decisão unilateral reitoria que acarretou na greve ocorreu em 1º de março deste ano, quando Bulhões emitiu um despacho no qual suspendeu a paridade de votos para a próxima eleição para o cargo. A medida contraria norma aprovada pelo Consun em novembro do ano passado, que assegura que os votos de estudantes, professores e técnico-administrativos em Educação tenham o mesmo peso. Anteriormente, o peso era de 70% para os docentes. 

Segundo a coordenadora-geral da ASSUFRGS, Tamyres Filgueira, a tentativa de suspender o valor dos votos da comunidade acadêmica é mais um reflexo de uma gestão autoritária que busca constantemente censurar a comunicação institucional e as decisões democráticas dos conselhos. Segundo Tamyres, é imprescindível que a decisão da maioria no processo eleitoral seja respeitada, sob pena de prejudicar uma luta de décadas pela democracia plena no ambiente universitário.

“Suspender a paridade não é qualquer coisa! É uma luta de mais de 30 anos! Nós devemos dar uma resposta à altura e dizer que nós não vamos recuar em defesa da paridade! Não tenho dúvidas que só tem uma saída para que a gente faça com que a paridade permaneça no próximo processo eleitoral: é cruzar os braços, é parar essa universidade! Paridade fica! Quem sai, é esse reitor interventor bolsonarista”, salienta Tamyres.


Adesão ao movimento nacional

A greve na UFRGS também traz reivindicações do movimento nacional que contempla pelo menos 58 instituições federais de ensino. As pautas são a reestruturação da carreira dos servidores das universidades e institutos federais e a reposição salarial

A Assufrgs defende um reajuste de 31% para repor a inflação de setembro de 2016 a dezembro de 2023, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). 

O movimento não gerou a interrupção das aulas, visto que não envolve docentes, mas os servidores técnico-administrativos. Assim, afeta segmentos como laboratórios, secretarias e bibliotecas das universidades. 

Além da UFRGS, diversas instituições aderiram à greve no RS, dentre elas UFCSPA, UFPel, FURG e Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). O pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do IFRS, professor Lucas Coradini, reafirma a legitimidade do movimento diante das significativas perdas salariais registradas nos últimos anos. 

Por meio de nota divulgada à imprensa, ele destaca que “há falta de profissionais no quadro da instituição, sobretudo técnicos-administrativos, o que enseja também novos concursos. A reestruturação da carreira se mostra necessária para que volte a ser atrativa àqueles que almejam ingressar no serviço público. Investir na educação é imprescindível, e isso passa pela valorização dos seus servidores”, ressalta.

O IFRS conta atualmente com 18 sedes no Estado: 17 campi e a reitoria. Esses núcleos são ocupados por servidores representados por diferentes entidades. Estima-se que até este momento, mais de 50% do conjunto da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) manifestaram adesão à greve. 

Dentre os sindicatos que demonstraram apoio à greve nacional, estão o ANDES Sindicato Nacional dos docentes de ensino superior. Em nota, a entidade afirmou que a medida é um passo importante em defesa da educação federal.

“A luta é pelo avanço nas negociações com o governo federal sobre recomposição salarial, carreira e pelo revogaço. O ANDES-SN manifesta toda solidariedade à greve da categoria e entende o momento como propício para intensificar as mobilizações para construção da greve da Educação Federal”, destacou o Sindicato.



Por Marcelo Passarella – Jornalista – Registro profissional: 0019340/RS

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